quarta-feira, 8 de junho de 2011

Resumo de Patologia II (inflamação e mediadores)

Inflamação

Pode ser conceituada como sendo um conjunto de reações complexas, um conjunto de fenômenos sequenciados, desencadeados pela resposta tecidual à agressão tecidual. A inflamação é uma faca de dois gumes, pois apresenta uma reação favorável ao organismo quando há uma neutralização, destruição ou confinamento do agente agressor, mas pode apresentar reações negativas quando há destruição tecidual, lesão incapacitante ou até morte.

A inflamações tem como objetivos principais a eliminação do antígeno e a preparação do tecido para a reparação ou cicatrização [5 sinais cardiais da inflamação: calor, rubor, tumor, dor e perda da função]. As inflamações são classificadas em alguns aspectos: tempo de duração – aguda (curto) e crônica (longo) – aguda apresenta, geralmente, hiperemia, edema e exsudatos e neutrófilos (presença de exsudatos) – crônica apresenta, geralmente, células mononucleares e fibrose.

Diferencie exsudato de transudato: transudato é o fluido de baixo teor protéico, resultado de alteração na pressão hidrostática, com permeabilidade vascular normal, por exemplo na ascite. Já o exsudato é o fluido, como o pus, que passam pelas paredes vasculares em direção aos tecidos adjacentes. Esse fluido envolve células, proteínas e sólidos, por exemplo nas inflamações.

Reações de fase aguda: vasodilatação, aumento da permeabilidade e alteração do fluxo. Classificação quanto ao exsudato: vista macroscópica é a mais utilizada, pois a microscópica varia consideravelmente. É classificada quando ao aspecto do exsudato: seroso – presente na fase inicial da inflamação; fibrinoso – predomínio de fibrina (pericardite fibrinosa – aspecto pão com manteiga) (bactérias, vírus etc; hemorrágico – associado a lesões vasculares e endoteliais; mucoso – ocorre em superfícies mucosas, causa dos vírus e bactérias; purulento – presença macroscópica de pus, causado por bactérias piogênicas, necroses etc.

Inflamação crônica: pode ser proliferativa / “produtiva” – hipertrofiante ou hiperplasiante – preferencialmente em mucosas com proliferação de vasos e/ou parênquima. Granulomatosa – mas não necessariamente apresenta granuloma – causada por fungos, algas, bactérias, parasitos etc. O aspecto microscópico é de uma necrose caseosa central ou a presença do agente etiológico, circundado por células gigantes, macrófagos e várias camadas de células mononucleares, com fibroplasia periférica. Podem ser piogênicos, apresentando pus no centro, caracterizando presença de neutrófilos.

Outras classificações para as inflamações: abcessos – conjunto de pus envolto por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso vascularizado inicialmente. Flegmão – purulenta sem formação de capsula piogênica, onde o pus se distribui ao longo dos tecidos. Pústula – coleção de pus restrita a epiderme ou pouca parte da
derme. Empiema – coleção de pus numa cavidade serosa, na cavidade torácica também pode ser chamado de piotórax. Furúnculo – processo inflamatório restrito a derme, onde bactérias penetram no folículo piloso e glândulas.

Mediadores químicos da inflamação

As aminas vasoativas estão armazenadas nas células e são os primeiros mediadores liberados, ocorrem na fase aguda e a histamina e a serotonina são as mais importantes. A principal fonte de histamina são os mastócitos, onde estão localizados adjacentes aos vasos e na maioria dos tecidos conjuntivos, mas pode também ser encontrado nas plaquetas e basófilos.

Os estímulos que levam a liberação de histamina pelos mastócitos são: lesão física, ligação Ac-Ag, anafilotoxinas, proteínas leucocitárias que liberam a histamina, neuropeptídeos (ex.: Substância P) e interleucinas. Os efeitos da ação da histamina incluem dilatação das arteríolas, aumento da permeabilidade das vênulas (ligação dos receptores H1 das células endoteliais > efeito imediato > fendas venulares > edema e hiperemia) e constrição das artérias de grosso calibre.

A serotonina é liberada pelas plaquetas e células enterocromafins por ação do colágeno, trombina, ADP e complexos imunes, que estimularão a agregação plaquetária (ligação Ac-Ag estimulam mastócitos que estimulam o PAF, que estimulará a agregação plaquetária também) e consequente liberação de histamina.

O sistema complemento são várias proteínas plasmáticas e seus subprodutos, ocorre na imunidade inata e adquirida. Os efeitos da ativação incluem aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia e opsonização. São numeradas de C1 a C9, mas a C3 é a mais importante. Ocorrem em 3 vias: clássica, alternativa e da lectina. C3a, C5a e C4a > liberação de histamina pelos mastócitos (vasodilatação, anafilotoxinas); C5a > adesão, quimiotaxia e ativação de leucócitos, ativação da lipoxigenase (liberação de novos mediadores); C3b e iC3b > opsonização de bactérias: fagocitose por neutrófilos e macrófagos.

O sistema de cininas inclue o fator de Hageman, que é ativado pela exposição do colágeno e membrana basal > ele ativa proteínas plasmáticas (cininogênios) e, por meio das calicreínas, tornam-se peptídeos vasoativos. A bradicinina causa aumento da permeabilidade vascular, contração do músculo liso, vasodilatação e dor, e é inativada pela cinase.

O sistema de coagulação tem como objetivo a ativação da trombina para formar a fibrina. A trombina ainda reflete: produção de quimiocinas, moléculas de adesão, indução de COX-2, produção de PGL’s, produção de PAF e óxido nítrico e alterações no endotélio vascular.

Metabólitos do ácido aracdônico: ativação celular > membrana lipídica (remodelagem) > geração de mediadores lipídicos biologicamente ativos (eicosanóides) > sinais intra e extracelulares (ação “hormonios de curto alcance”).

PAF – Fato de Ativação de Plaquetas – é derivado dos fosfolipídeos de membrana e é produzido em plaquetas, basófilos, mastócitos, neutrófilos, monócitos/macrófagos e células endoteliais. Suas funções incluem a estimulação de plaquetas, vasoconstrição e broncoconstrição, aumento da permeabilidade vascular, aumento da adesão leucocitária ao endotélio, quimiotaxia, degranulação e surto oxidativo (são os principais acontecimentos da inflamação).

Pergunta-se: Sobre os mediadores químicos farmacologicamente ativos da inflamação de fase aguda, fale sobre sua principal função, enfatize os diferentes tipos de mediadores, suas origens e seus principais efeitos.

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